Por quatro décadas, Mônica e Cebolinha, ainda crianças, brigavam o tempo todo. Mas um não viviam um sem o outro. O casal mais famoso dos quadrinhos brasileiros, criado por Maurício de Sousa, revelava a cada coelhada, o que todo adulto sabia aonde aquilo ia dar quando eles crescessem: em namoro ou casamento. Com o lançamento do gibi "Mônica Turma Jovem", com os dois já adolescentes, tornou esse momento mais que possível de acontecer. Tanto que, em agosto de 2009, os dois apareceram beijando na boca.
foto: Divulgação/ MSP Panini
DSP - Você pensou muito, fez reuniões e discutiu com sua equipe para finalmente fazer Mônica e Cebolinha começarem o namoro?
Maurício - Foi quase que uma reunião de família, pois todos aqui se sentem um pouco pais da Turma Jovem. E decidimos que estava na hora de darmos uma esquentadinha nesse romance que ia e não ia. Afinal, o quase namoro estava se estendendo demais para uma realidade vivida hoje.
Quanto tempo levou para a ideia ser amadurecida?
A partir da reunião onde se decidiu o namoro, tudo começou a correr. A ponto de atropelarmos uma edição que já estava prontinha para rodar. Resolvemos juntar nossos roteiristas da Turma Jovem mais os nossos desenhistas para alterarem o ritmo e os enfoques de produção. Foi uma corrida e tanto, comandada por Alice Takeda, diretora do estúdio, com acompanhamento do pessoal da Editora Panini (redação, gráfica, marketing etc).
Por décadas, muita gente imaginou que, quando grandes, Mônica e Cebolinha poderiam namorar. Você sempre imaginou isso quando concebeu os dois?
Costumamos imaginar que namoricos, boas relações (mesmo um pouco tempestuosas) entre crianças, depois jovens e depois adultos, terminam em bons casamentos. Assim, com essa dupla não poderia ser diferente. E finalmente tudo aconteceu. Ou, melhor, começa a acontecer.
Você se lembra quando, pela primeira vez, fez uma história em que insinuava que havia um amor entre os dois, quando eram crianças ainda?
Ah, isso vem de longe. Desde que começaram a se desentender. Imagino que desentendimentos que terminam em bons e calmos momentos de trégua vão preparando terreno para um relacionamento mais maduro e consciente. Na vida real é assim. Por que não nos quadrinhos, onde pretendo retratar a realidade dos jovens?
É possível imaginar que, no futuro, você casará os dois?
Falta ainda tempo para um eventual casamento mas... Quem sabe, um dia, isso aconteça? E com uma edição mais festiva e surpreendente de todos os tempos? Tudo é possivel. Mas os personagens são tão fortes, com personalidades tão decididas, que acho essa possibilidade mais ligada ao desenvolvimento de suas relações a partir daqui, principalmente. É como se fossem reais, de carne e osso. Como os jovens de hoje, fora do controle dos pais nas questões românticas. Consequentemente, quase que fora do controle dos roteiristas. Temos que seguir a lógica da trama. E nos lembrarmos que as situações são públicas. Com milhões de leitores de alguma forma influenciando nos hábitos (dos personagens) e nas cobranças (quanto ao comportamento). A árvore da sabedoria está logo ali, quase às mãos...
Entre tapas e beijos
Faz tempo que Maurício alimenta o romantismo entre os briguentos Mônica e Cebolinha, em várias adaptações de clássicos da literatura para as HQs, como "Romeu e Julieta".
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